Empreendedoras sociais tocam fábrica de tijolos ecológicos




“Dizem que a mulher é o sexo frágil. Eu não concordo! Trabalho todos os dias com outras 14 mulheres em uma fábrica de tijolos na periferia de Uberlândia, em Minas Gerais. O serviço é pesado, sim, mas quem disse que a gente dá moleza? Não fazemos um produto qualquer. Fabricamos tijolos ecológicos, que não agridem o meio ambiente. Ou seja, não usamos lenha pra queimar o tijolo, que seca no tempo. A cada mil tijolos ecológicos produzidos, deixamos de derrubar sete árvores. Já pensou quantas árvores conservamos verdinhas e bonitas em um mês de trabalho?”, questiona Eliana Setti, idealizadora do projeto.

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Energia extraída do sol da caatinga


Um grupo de investidores quer construir na Paraíba, na área mais luminosa do Brasil, a primeira grande usina solar do país e da América do Sul



A tórrida cidade de Coremas, no sertão da Paraíba, poderá se tornar em 2012 um nome tão familiar aos brasileiros quanto Itaipu ou Angra – bem, talvez não tão famoso, mas certamente mais admirado pelos ambientalistas. O município de 15 mil habitantes, localizado num ponto especialmente quente do sertão nordestino, foi escolhido por investidores como local de construção da primeira grande usina solar do país. “Grande”, entenda-se, para os padrões ainda modestos do universo da energia solar: o projeto prevê capacidade inicial de 50 megawatts, suficiente para abastecer 90 mil residências.

O complexo nuclear de Angra tem capacidade quase 70 vezes maior. Mesmo assim, a obra em Coremas será um marco, por colocar (ainda timidamente) a energia solar no mapa da geração em grande escala no Brasil. A princípio, a usina poderá participar, até abril, dos leilões periódicos de energia que garantem o suprimento do país para o resto da década. As obras deverão começar no próximo ano e terminar até 2015.

Até hoje, o uso da luz solar para produzir eletricidade recebe mais elogios que investimentos. Trata-se de uma fonte inesgotável e limpa, que não emite resíduos, não exige desmatamento, alagamentos ou desvio de curso de rios, nem assusta com a possibilidade de vazamento de radiação. Com tantos predicados, ela nem aparece nos gráficos que mostram a contribuição de cada fonte de energia nos totais de geração global ou brasileira. A situação tende a mudar um pouco até 2020, quando a luz do sol deverá responder por 51 terawatts de capacidade geradora no mundo inteiro – um décimo da capacidade das usinas eólicas (que produzem energia a partir do vento) e 0,2% do total global, segundo previsões do Ministério de Minas e Energia. A energia solar passaria então a ser um risquinho visível nos gráficos. “A viabilidade econômica ainda é um problema, mas seria bom o Brasil contar mais com essa fonte. A tecnologia a ser usada funciona”, diz o físico José Goldemberg, ex-secretário nacional de Ciência e Tecnologia e especialista em energia.

A tecnologia prevista para Coremas é bem diferente dos tradicionais painéis fotovoltaicos, as chapas que transformam a luz solar em corrente elétrica e podem ser vistas em telhados, postes, pequenos dispositivos eletrônicos e também na Usina de Tauá, no Ceará – atualmente, a maior solar do Brasil, obra do empresário Eike Batista, com capacidade de 1 megawatt. Coremas se baseia em outro processo, de concentração de energia, também chamado heliotérmico: espelhos côncavos concentram os raios solares em um tubo, por onde passa um fluido especial, de tecnologia israelense. O fluido, aquecido a centenas de graus, corre pela tubulação até uma caldeira, transforma a água em vapor e o vapor move as turbinas. Há pelo menos dez usinas similares em construção ao redor do mundo. A maior obra já em andamento, três vezes maior que a brasileira, fica em Lebrija, na Espanha. O maior projeto em estudo, oito vezes maior que o de Coremas, prevê uma usina no Deserto da Califórnia, nos Estados Unidos.
A obra tem sentido do ponto de vista técnico, por produzir energia limpa numa área infértil, que dificilmente seria usada para outro fim econômico, e onde é relativamente fácil administrar o risco e o impacto ambiental – situação bem diferente do que ocorre com o aproveitamento de rios para geração hidrelétrica e com os projetos de geração nuclear. Os empresários responsáveis pelo projeto, todos do setor financeiro, trataram de aumentar seu apelo ambiental. Querem garantir a produção de energia à noite com a queima de restos de coco, o que pode diminuir o volume desse resíduo na região (a produção anual na região é de 300.000 toneladas). Além disso, os painéis concentradores de energia seriam colocados a 3 metros do chão, para formar uma estufa sombreada de 60 hectares. “Dá para plantar com alta produtividade ali, isso já foi comprovado nos Estados Unidos. Seria um benefício adicional para a região”, diz Sergio Reinas, um dos sócios da Rio Alto Energia, dona do projeto de Coremas.

As ideias são boas, mas ainda não garantem a viabilidade do projeto, com custo estimado em R$ 325 milhões (R$ 15 milhões já investidos pelos sócios) e à espera de financiamento. “A energia solar não vingou até hoje no Brasil porque custa muito e a hidrelétrica é barata, tem saído por R$ 80 por megawatt-hora”, diz o economista Alexandre Rands, professor da Universidade Federal de Pernambuco e especialista em economia do Nordeste. “Para ser lucrativa, uma empresa de energia solar precisaria oferecer energia a uns R$ 140 e manter baixos os custos de manutenção.” O megawatt-hora a partir da luz solar ainda custa pelo menos R$ 200, o dobro do preço cobrado pelas fontes eólicas, a grande estrela do momento na geração limpa. “Mashttp://www.blogger.com/img/blank.gif é importante lembrar que a energia eólica custava R$ 150 há dois anos. Quando o negócio começa a se tornar atraente, mais gente entra e o preço cai”, diz Álvaro Augusto Vidigal, outro sócio da Rio Alto. A população de Coremas já comemorou a venda de terrenos. Com um pouco de sorte, o resto do Brasil também poderá celebrar a novidade.

Leia mais sobre a tecnologia da concentração solar

Fonte Revista Época

Efeito colateral

Pesquisas revelam que fontes limpas de energia como a eólica e processos ditos sustentáveis, como a reciclagem de água, também podem prejudicar o ambiente e os humanos
André Julião



PERIGO
Alemães vizinhos de turbinas eólicas correm mais risco de sofrer ataques cardíacos

É inegável a importância das fontes renováveis de energia para a redução das emissões de gases do efeito estufa. Por essa contribuição no combate ao aquecimento global, outras tecnologias também ganham cada vez mais espaço, entre elas a reciclagem de água e a captura e estocagem de carbono no subsolo. O que pouca gente leva em conta é que as gerações de energia solar, hidrelétrica e eólica, além de outras soluções ditas sustentáveis, também provocam impacto no ambiente – e nas pessoas.

A energia solar, festejada por não emitir carbono na atmosfera, mostrou recentemente que tem um lado sombrio. Uma pesquisa da Universidade do Tennessee, nos EUA, concluiu que a fabricação de baterias para armazenar o que é captado pelos painéis fotovoltaicos tem potencial para emitir mais de 2,4 milhões de toneladas de chumbo. Isso só na China e na Índia, países cuja demanda por fontes renováveis só aumenta. A contaminação pelo metal provoca males à saúde como danos aos rins e aos sistemas cardiovascular, nervoso central e reprodutivo, além de problemas de aprendizagem em crianças.

“Compostos do chumbo são pesados e normalmente não flutuam pelo ar muito além do ponto de origem”, disse à ISTOÉ Chris Cherry, engenheiro ambiental responsável pela pesquisa. “Mas os trabalhadores e a população próxima às fábricas são particularmente vulneráveis às altas concentrações desse metal”, explica. Outras desvantagens podem ser vistas ainda na geração de energia eólica e hidrelétrica (leia quadro). Também a demanda cada vez maior, por água, está gerando um efeito colateral improvável. A reciclagem do recurso natural, que evita a retirada de rios e aquíferos, contribui para as mudanças climáticas.

Pesquisa da Universidade da Califórnia, também nos EUA, mostra que a purificação da água por um processo conhecido como nitrificação e desnitrificação emite altas quantidades de óxido nítrico, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Isso acontece porque as bactérias usadas na remoção de impurezas inevitavelmente produzem esse elemento químico. “O processo, porém, evita o transporte de água por longas distâncias em caminhões, que gera monóxido de carbono e consome energia”, diz Amy Townsend-Small, principal autora do estudo.

Outro exemplo de que um equilíbrio é possível é o fato de a China ter fechado, recentemente, mais de 500 fábricas de baterias, por gerarem muitos poluentes. “O desafio é ter uma estrutura regulatória contínua e sustentável”, diz Cherry, da Universidade do Tennessee. “Países ocidentais já reduziram as emissões nesses processos em cerca de 1% a 5%. Há muito espaço para melhorar”, finaliza.


FONTE:REVISTA ISTOÉ

Concreto ecológico pode deixar obra mais barata

Material desenvolvido no Rio de Janeiro ajuda a reduzir emissão de gás carbônico.
Empresários ainda não se interessaram pela produção.

Um concreto feito com boa parte de material reciclável, que ajuda a diminuir os danos ao meio ambiente. A descoberta de pesquisadores do Rio de Janeiro também pode deixar a obra mais barata.http://www.blogger.com/img/blank.gif

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