Pesquisas revelam que fontes limpas de energia como a eólica e processos ditos sustentáveis, como a reciclagem de água, também podem prejudicar o ambiente e os humanos
André Julião
PERIGO
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É inegável a importância das fontes renováveis de energia para a redução das emissões de gases do efeito estufa. Por essa contribuição no combate ao aquecimento global, outras tecnologias também ganham cada vez mais espaço, entre elas a reciclagem de água e a captura e estocagem de carbono no subsolo. O que pouca gente leva em conta é que as gerações de energia solar, hidrelétrica e eólica, além de outras soluções ditas sustentáveis, também provocam impacto no ambiente – e nas pessoas.
A energia solar, festejada por não emitir carbono na atmosfera, mostrou recentemente que tem um lado sombrio. Uma pesquisa da Universidade do Tennessee, nos EUA, concluiu que a fabricação de baterias para armazenar o que é captado pelos painéis fotovoltaicos tem potencial para emitir mais de 2,4 milhões de toneladas de chumbo. Isso só na China e na Índia, países cuja demanda por fontes renováveis só aumenta. A contaminação pelo metal provoca males à saúde como danos aos rins e aos sistemas cardiovascular, nervoso central e reprodutivo, além de problemas de aprendizagem em crianças.
“Compostos do chumbo são pesados e normalmente não flutuam pelo ar muito além do ponto de origem”, disse à ISTOÉ Chris Cherry, engenheiro ambiental responsável pela pesquisa. “Mas os trabalhadores e a população próxima às fábricas são particularmente vulneráveis às altas concentrações desse metal”, explica. Outras desvantagens podem ser vistas ainda na geração de energia eólica e hidrelétrica (leia quadro). Também a demanda cada vez maior, por água, está gerando um efeito colateral improvável. A reciclagem do recurso natural, que evita a retirada de rios e aquíferos, contribui para as mudanças climáticas.
Pesquisa da Universidade da Califórnia, também nos EUA, mostra que a purificação da água por um processo conhecido como nitrificação e desnitrificação emite altas quantidades de óxido nítrico, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Isso acontece porque as bactérias usadas na remoção de impurezas inevitavelmente produzem esse elemento químico. “O processo, porém, evita o transporte de água por longas distâncias em caminhões, que gera monóxido de carbono e consome energia”, diz Amy Townsend-Small, principal autora do estudo.
Outro exemplo de que um equilíbrio é possível é o fato de a China ter fechado, recentemente, mais de 500 fábricas de baterias, por gerarem muitos poluentes. “O desafio é ter uma estrutura regulatória contínua e sustentável”, diz Cherry, da Universidade do Tennessee. “Países ocidentais já reduziram as emissões nesses processos em cerca de 1% a 5%. Há muito espaço para melhorar”, finaliza.
FONTE:REVISTA ISTOÉ
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